Enterro foi marcado por emoção e revolta de familiares | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Muito abalado, o padrinho de Cláudia, o vigilante Alberto Carlos Murga e Silva, de 41 anos, desabafou: "Nota 0 para a polícia. Como o bandido agarrado com ela ia atirar no abdômen da Cláudia? Queremos saber a verdade. A polícia está despreparada e se os policiais seguissem o ônibus com as crianças a tragédia seria maior. Os PMs também recolheram a capsúla dos locais. O sargento queria ser herói e virou vilão" - disse Alberto.
Ao ser enterrado, o corpo da comerciante recebeu muitos aplausos. Luciléia diz ainda que a família vai processar o estado. "A situação toda mostra o despreparo do estado e como a polícia é fria. Minha irmã foi buscar ajuda para o filho e acabou morrendo. Alguém tem que pagar. Vamos processar" afirmou.
"Ela tinha medo da violência", diz marido
O marido de Cláudia, o balconista Daniel Soares de Oliveira, de 32 anos, revelou nesta quarta-feira que a esposa tinha receio de assaltos. "Ela evitava ir a lugares perigosos com medo da violência", disse Daniel, que mantinha relacionamento com Cláudia há 12 anos e mora há seis em Coelho Neto.
Cláudia morreu na madrugada desta quarta-feira no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. De acordo com ele, o filho de 10 anos não presenciou a morte violenta da mãe. "Cláudia deixou nosso filho com o médico e foi buscar um medicamento. Meu filho não viu aquela cena. Hoje de manhã contei sobre a morte da mãe. Ele chorou muito", revelou.
Marido de mulher morta em tiroteio em Coelho Neto evita acusar a PM | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
"Não sou perito e não quero acusar ninguém. Mas, segundo o médico, o tiro que matou minha esposa partiu de uma arma de grosso calibre. Não vou entrar no mérito de processar o estado e nem quero pensar nisso agora", afirmou Daniel.
O comandante do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA), coronel Rogério Leitão, não sabia ainda se o policial que estava na ocorrência atirara dentro do posto médico. “Torcemos para que o PM não tenha atirado”, disse.
Segundo o comandante, a ação foi muito rápida. “O bandido foi covarde em fazer uma refém e o policial teve muito pouco tempo para agir, por isso vamos investigar”, adiantou. Leitão disse ainda que a PM faz operações constantes no Morro da Pedreira e que um trabalho de Inteligência será feito para tentar identificar o foragido e prendê-lo.
O PM que seguiu o criminoso no PAM, e que não se identificou, disse que o homem estava muito nervoso e parecia estar drogado. O homem que dirigia o Gol morreu a caminho do Hospital Carlos Chagas e também não foi identificado.
Bandido em fuga usou ônibus de turismo onde estavam 40 crianças | Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
Dia de fúria em Coelho Neto e Acari
Tiroteio em ruas de dois bairros e dentro de um posto médico, uma refém baleada no abdômen em estado grave e um ônibus com 40 crianças entre 10 e 12 anos sequestrado para dar fuga a um bandido.
O dia de fúria em Coelho Neto e Acari, na Zona Norte, na tarde desta sexta-feira, deixou ainda um criminoso morto e dúvidas sobre a ação de policiais militares.
O motorista foi baleado, e o comparsa invadiu o Posto de Atendimento Médico (PAM) do local. Um policial chegou a trocar disparos com o bandido no posto.
“Vou entrar para aterrorizar!”, gritava o criminoso em fuga com uma pistola 9mm na mão, à porta do PAM. Quando Cláudia foi ferida, o bandido correu para os fundos da unidade, pulou um muro e invadiu o Colégio Interativo.
Na porta da escola, um ônibus de turismo estava com cerca de 40 alunos que iriam para uma excursão. Segundo o motorista Marcos Ferreira, 56 anos, o homem entrou em sua cabine e disse: “Fica calmo que eu só quero fugir. Me leva para a (favela da) Pedreira”.
Marcos também contou na 30ª DP (Marechal Hermes) que manteve a calma, dirigiu pelo quarteirão e o criminoso desembarcou no Morro da Pedreira, que fica a 800 metros do colégio. Segundo ele, as crianças nada notaram.
“Foram muitos tiros. Nos jogamos no chão com medo. Foi desesperador, uma verdadeira guerra”, relatou a merendeira Nilza Braga, 53 anos, da Escola Municipal Montecarlo.
Funcionários do posto contaram que trancaram as salas impedindo a entrada do bandido. Tiros atingiram paredes na entrada e cadeiras e mesas foram jogadas no chão na correria.
Outro ataque na mesma rua
Na mesma Rua Oserley que aconteceu a ação cinematográfica desta terça-feira, na sexta-feira passada, dia 25, outro ônibus de turismo foi invadido por bandidos armados. Os turistas eram religiosos que iam para Aparecida do Norte, em São Paulo.
Na ocasião, 15 romeiros foram assaltados no fim da noite e perderam as bagagens de mão. Os assaltantes fugiram para o Morro da Pedreira, que faz divisa de Coelho Neto com Costa Barros, mesma favela para onde fugiu o bandido que invadiu o PAM e o ônibus com os alunos nesta terça.
fonte: O DIA
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