Rio -  O corpo do policial civil Antônio da Gama, de 49 anos, foi sepultado na tarde desta terça-feira no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na zona Portuária. Bandidos de favelas das redondezas abriram fogo em direção ao cortejo na chegada do caixão ao cemitério. Um helicóptero da polícia foi acionado para dar apoio aos policiais que estavam presentes ao sepultamento. A aeronave deu rasantes sobre a Favela Parque Alegria, intimidando os bandidos que atiravam contra o cemitério.
Antônio foi morto nesta segunda, na porta de uma creche do Grajaú. Ele trabalhava há três anos como segurança da unidade, tentou correr para dentro da creche, mas foi atingido por dois disparos, quando dezenas de crianças já haviam entrado, às 7h.
O crime soou como um alerta para moradores que já reclamavam dos assaltos a pedestres e roubos de carro no bairro. O comando do 6° BPM (Tijuca) criou um projeto visando o diálogo com a população e reforço na ronda escolar. Latrocínio (roubo seguido de morte) é a principal linha de investigação da Divisão de Homicídios (DH). Segundo testemunhas, seis tiros foram disparados na porta da creche Studio da Criança.  
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Policiais da Divisão de Homicídios investigam próximo à unidade escolar, que não deixou de funcionar durante todo o dia de ontem | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Levado ao Hospital do Andaraí, ele não resistiu. Teve a mochila, pistola e celular roubados. O inspetor entrou em 1990 para a Polícia Civil e era lotado na 19ª DP (Tijuca). “Antônio era tranquilo e sempre muito carinhoso com as crianças. Deixou cinco filhos. Todos estão muito abalados”, contou a diretora da creche, Fabiana Souza.

A creche continuou aberta. Porém, alguns pais buscaram os filhos mais cedo: “Continuo confiando plenamente no serviço da escola. A segurança no bairro todo tem que melhorar, senão terei que fazer algo”, disse uma mãe.


“Todo dia tomamos conhecimento de um assalto nessa região. Precisamos de mais policiamento nas ruas”, reclamou Arlindo Coelho, presidente de Associação de Moradores do Grajaú.


Vítima evitou roubo no início do mês


Policias da Divisão de Homicídios trabalham com a hipótese de latrocínio (roubo seguindo de morte), mas não descartam que o crime tenha sido premeditado.


No último dia 5, dois homens tentaram roubar uma moto na frente da mesma creche e foram impedidos pelo policial Antônio Gama, que, junto com mais um segurança, fez disparos para o alto.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Polícia ampliou patrulhamento no bairro após assassinato | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
“Uma das possibilidades é que os mesmos criminosos tenham voltado ao local com um comparsa para roubar as armas dos agentes”, revelou o delegado titular da DH, Rivaldo Barbosa.

O vídeo do circuito interno de câmeras da creche está sendo analisando, mas já é possível afirmar que os três homens desceram de um carro. Comerciantes da região também relataram ter visto o mesmo veículo rondando a região uma hora antes do crime.


Mãe vira alvo no Méier


Na semana passada, no Méier, uma mãe que iria deixar a filha numa creche foi alvo de ladrões, que entraram no carro e a obrigaram a fazer saques em caixas eletrônicos. Depois, seguiram com ela até o Jacarezinho, onde os bandidos desceram.


Em abril de 2007, um outro policial civil, que também trabalhava como segurança da creche, foi baleado ao tentar impedir assalto em frente à creche. Ele disparou contra ladrões que queriam roubar pai e filha. As vítimas ficaram no meio do tiroteio e os criminosos fugiram.


Nesta segunda-feira, após o crime, o tenente-coronel Márcio Rocha, comandante do 6° BPM, afirmou que o policiamento no entorno da creche foi intensificado. À tarde, três carros de polícia ficaram parados na esquina da Av. Júlio Furtado — onde fica a creche — com a Rua Caruaru.


Fonte: O dia