Não faltam os que morrem de medo de entrar em um cemitério à noite. Mas Antônio Cardoso, o seu Antônio, de 54 anos, tem a missão de preservar a ordem no cemitério de Cocal do Sul depois do por-do-sol. “Eu não tenho medo, não”, assegura.
O posto de trabalho dele, na verdade, é a guarita da garagem da prefeitura. Mas seu Antônio também precisa manter o olho no cemitério. Ele fecha os portões e dá algumas passadas no local “para ver como está”.
E, embora os “moradores” não costumem fazer barulho, às vezes o vigia tem trabalho. “No ano passado eu estava lá na guarita e foram avisar que tinha gente quebrando as capelas. Eu vim aqui e tinha quatro guris. Tive que chamar a polícia”, lembra seu Antônio.
Mais medo dos vivos
Se há alguém capaz de colocar um pouco de medo no seu Antônio, são os que ainda não partiram. “O pessoal vem aqui, usa drogas e quando te vê, começa a ter ideias”, conta o guarda. As “ideias”, segundo ele, não tem nada a ver com algo relacionado a coisas sobrenaturais. “Eles têm ideias”, limita-se a dizer.
Antônio mora no Bairro Raichaski, em Içara. O dinheiro ganho na prefeitura trabalhando no regime 12 por 36 (trabalha 12 horas e folga 36), não é suficiente para arcar com todas as despesas. “Mas aí eu faço uns trabalhos a mais nas minhas horas de folga. Corto grama, faço o que for preciso. O que a gente não pode é ficar reclamando”, ensina
Fonte: Jornal a Tribuna
Nenhum comentário:
Postar um comentário